segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Bar do "Seu Hilário"

Professor Hilário era homem de boas falas e de bom violão. Pelo menos é o que atestam o Sérgio Pádua e o Darcy Franco.

Um dia, ele arrendou o Bar do PALMEIRAS. A notícia espalhou. Alguns filhos pródigos, há muito ausentes, compareceram para um dedo de prosa com seu Hilário. Entre eles o Múcio Campos, bebedor de uísque, imbatível numa roda de bar.

Reunidos seu Hilário, seu Múcio, mais alguns amigos, mais uma cerveja gelada, mais um uísque dos bons, um violão e quilômetros de conversas fiadas, estava pronta a festa.

E ela arrastou noite adentro !

O bar, entregue às traças, seu Hilário, entregue ao violão, os outros entregues ao sabor dos vapores etílicos.

Tudo que é bom dura pouco. Cada um tomou seu rumo como pôde!

No dia seguinte a ressaca, o gosto de cabo de guarda chuva na boca, a amnésia alcoólica que insistia em não revelar o que ocorrera na véspera.... e a vida continuava. Para todos, menos seu Hilário.

No "day after" ele espremia o cérebro ainda zonzo, para lembrar cada detalhe, cada cerveja, cada uísque, cada salgado que servira na festança da véspera. Seu Hilário esquecera-se de anotar o que serviu a cada um.

O fantasma do prejuízo iminente misturava-se à ressaca e à recusa do cérebro em racionar para sair da enrascada em que se metera.

De repente, o estalo ! Eureka! O plano infalível para cada um pagar o que devia. Afinal eram todos gente boa, gente de família, não iriam fazer isso com um velho amigo que simplesmente cedera à nostalgia de um bom encontro e não cumprira seu dever de comerciante!

- Ô seu Múcio, quantos uísques o senhor costuma tomar?
- Uns quatro, ou cinco....
- E quando o senhor exagera ?
- Uns seis. Por quê?
- É que eu me esqueci de anotar os pedidos e preciso correr atrás do prejuízo.
- Quando eu saio meio bêbado, eu tomei uns seis...
- Então o senhor não se importa de pagar oito?
- Por que oito ?
- É que o senhor saiu mais que "bebo". O senhor saiu meio carregado...

Dizem as testemunhas oculares que o esperto barmem cobrou sempre um pouco a mais que o confessado pelas vítimas e se ressarciu do prejuízo. Falam até que o Sérgio Pádua pagou.

Quanto ao leitor, acredite se quiser.

Escrito pelo Sócio Alair Ribeiro

Publicado no Jornal da Sociedade Recreativa Palmeiras - Ano 1 - Nº3 - Junho/1995

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